24 de abr. de 2013

Desafio Literário - Fevereiro: O Auto da Compadecida - Ariano Suassuna

Sempre que penso em o Auto da Compadecida, me lembro daquela vinheta eternizada pela produção cinematográfica da Globo, tanananana tanananana... Também me lembra daquela cara de cabra do Matheus Mastergalli e do Selton Mello, nos seus papéis de João Grilo e Xicó, respectivamente. Sabem por quê? Não sei, só sei que foi assim!
O Auto da Compadecida é uma peça de teatro, e para quem não gosta desse tipo literário (o que eu acho difícil, por que é muito gostoso de ler), pode não agradar da obra. Mas o Auto da Compadecida começa assim... Um palhaço fazendo uma introdução e nos dizendo do que se trata aquela peça, faz uma rápida apresentação de tudo e depois deixa a trama rolar solta. O mesmo palhaço faz algumas outras parições entre um ato e outro, e ás vezes, de modo jocoso, até interage na peça.
Se você viu o filme (o que eu também acho difícil de não ter acontecido), você sabe bem que a trama se desenrola em torno de João Grilo, o cabra amarelo e Xicó, o cabra frouxo; e todas as tramoias que esses dois nodertinos aprontam!
E tudo começa quando Xicó diz que vai chamar o Padre para benzer o cachorro de estimação da Patroa, a Esposa do Padeiro. Como o Padre a princípio se recusa, o amigo de Xicó, João Grilo, arranja um esquema para que não apenas o padre benza o cachorro, como também, ele arranque dinheiro de seus patrões e ainda se vingue de sua patroa, que havia negado-lhe ajuda quando este necessitou.
E assim começa nossa trama.
O problema realmente surge quando o cangaceiro Severino aparece na pequena cidade para por terror, matar e arrancar dinheiro dos cidadãos. Severino promove uma matança geral, é um cangaceiro nordestino no melhor estilo do Sr Lampião.
Por volta do último ato, após Severino realizar uma matança generalizada, todos os personagens (com exceção de Xicó) são levados a julgamento, pois o encourado (como o diabo é chamado) deseja levar todos para o inferno.
Como já disse no início desse texto, é impossível falar do Auto da Compadecida e não me lembrar de
produção cinematográfica da Globo. E aqui gostaria de abrir um parenteses e fazer uma breve comparação entre ambos:
O Filme produzido pela Rede Globo em nada ficou aquém da obra literária, cheguei a ficar espantada com a fidelidade do filme para com a obra. É claro que houve algumas mudanças, mas completamente justificáveis, uma vez que é bem sabido que em produções desse gênero não é possível ser 100% fiel ao original. Tudo o que ocorre no livro estará no filme, à única mudança foi em relação a quatro personagens que não aparecem no filme, mas que devido ao fato de serem secundários, em nada afetou a obra.
Fechado o parênteses. Não é possível não tecer comentários à obra de Suassuna, que de forma magistral conduz a peça, faz uma grande colcha de retalhos utilizando historíolas nordestinas para escrever a peça e ao mesmo tempo faz criticas veladas e jocosas, demonstrando as mazelas de como vive as classes mais baixas no Nordeste.
Essa é uma obra que deve ser aplaudida de pé, pois cínica, crítica e engraçada.
Por que gostei do Auto da Compadecida?
Não sei, só sei que foi assim...